segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A pensar na partida

Fazer uma viagem é um processo complexo.
Sobretudo pela cadeia de decisões que implica.
Viajar sozinha pelo Caminho de Santiago é uma viagem que eu estava a adiar à tempo demais.
Agora tomei a decisão, mas a luta comigo é grande.
Qual o troço? Quais os preparativos? O que levar? Vou aguentar?
E os medos que nos tolhem. E os amigos que se espantam: 'sozinha?'
Vou experimentar - é o que lhes digo mas também o que penso para mim.
Sem motivações religiosa, o Caminho é para estar comigo e para me pôr à prova.
Para tentar uma coisa nova. Para cumprir um projeto. Para me ajudar a tomar decisões. Para ver o que a vida me coloca no caminho. Para pensar sem os ruídos do conforto. Para experimentar como é.
São estas as motivações.
Parto na próxima segunda.
Na contagem decrescente, lido com algumas ansiedades, algum caos (já habitual em mim) e tudo para preparar. A ver...
Estou de volta depois de um longo intervalo.
Uma das minhas amigas Joanas (coincide, que tenho várias) deu-me a inspiração e ir fazer brevemente um troço do caminho de santiago também me motiva a voltar a escrever.
Os últimos anos têm sido duros, com algumas conquistas suadas mas exigente em termos de mudança. Pessoal. No mais fundo das minhas convicções e das minhas práticas.
A dita 'meia-idade' é uma fase do ciclo de vida lixada.
A gente sabia isso dos livros, mas viver é outra coisa.
É preciso reinventar tudo (sobretudo os significados e os projetos da vida).
É preciso depurar.
É preciso focar.
É preciso cozer e integrar pedaços da vida (e alguns mais sofridos são duros de conjugar).
É preciso encontrar motivos para estar bem. Verdadeiramente. Sobretudo connosco próprios (o que não é uma perspetiva individualista, mas isso demoraria a explicar).
É preciso 'descarregar' expetativas que tínhamos sobre outros próximos/queridos e deixá-los responsabilizar-se pelo seu caminho e pelas suas opções (quando é com um filho, é particularmente duro).
É preciso prestar atenção ao sentimento de urgência, porque fica evidente que começamos a ter menos tempo para fazer aquilo que queremos mesmo fazer.
É preciso construir a esperança e a positividade.
A minha vida/viagem tem andado por estes lados. Cada vez com menos bagagem, com mais curiosidades e tentando construir um ambiente amigável (não é a versão oldage do 'peace and love') comigo própria, com os outros e com o mundo.
Preocupa-me muita coisa. Tenho algumas seguranças.
E o caminho é na direção do essencial - isso eu sei!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A que cheira a dor?

Perder alguém muito querido é muito doloroso.
Perdi a minha mãe recentemente e já tinha perdido o meu pai, com apenas 27 anos.Sou filha única e o meu genograma, por diferentes motivos, está cheio de mortes de ambas as famílias de origem dos meus pais.
Estou agora a tentar elaborar o luto pela perda da minha mãe que foi o maior pilar da minha vida e também a tentar gerir um sentimento de orfandade, muito difícil de gerir.
Estas crises fazem um abalo estrutural e não parece possível viver como se estes acontecimentos não tivessem acontecido, por mais que o tenhamos de fazer. Aparentemente.
Abrem-se brechas nas convicções e, de repente, questiono-me sobre muitas coisas, inclusivé sobre a minha morte, a minha velhice, o que deixo - de material e de imaterial...
Tenho tantas saudades da minha mãe!

sábado, 9 de janeiro de 2010

Arrumei o relógio

Já há alguns meses que guardei o relógio.
Será um passo para me libertar da falsa contagem que nos aprisiona? Não sei... talvez nunca lhe tenha ligado muito; e nunca foi um acessório de moda...o relógio.
Mas o relógio não interessa.
O que interessa é depurar a vida do «lixo» com que a encho e deixá-la mais livre para o que é importante.
E o que é importante?
Isto hoje não está a correr bem...

domingo, 22 de novembro de 2009

Mau tempo

Não sei de outro povo que fale tanto do tempo climatérico como nós. Na conversa social o tema é omnipresente.
Serve para preencher o espaço quando não queremos dizer nada, serve para nos queixarmos, serve para ter uma conversa inócua e avaliar o interlocutor. Tenho para mim que mais do que uma temática de conversa é uma estratégia.
Porque não há mau tempo, como dizem os nórdicos. Apenas vestuário adequado ou desadequado. E eu gosto desta ideia.
Na verdade, o tempo, neste sentido, nunca me impediu de nada. Mas, por vezes, fornece argumento para o que eu quero ou não fazer. Sendo assim, a adjectivação de «mau» ou «bom» que precede o tempo, não fará sentido. Para mim, o sentido que tem é exteriorizarmos metaforicamente o bom ou mau humor que temos naquele dia. E já é útil.
Ainda por cima, paradoxalmente, sou daquelas a quem um dia azul, com um sol brilhante (quente ou frio não importa)traz boa energia e facilita a boa disposição.
É o caso.

domingo, 15 de novembro de 2009

Interruptor desligado

Admitindo que a vida é como os interruptores, ora ligados, ora desligados (e a tecnologia veio complexificar, com a panóplia de modelos e funcionalidades disponíveis), estou em período desligado. O que acontece algumas vezes ao longo do ano. Eu explico.
Faço quase tudo o que tenho a fazer, mas com um investimento reduzido, como se estivesse em modo de poupança de energia. Isto acontece quando estou muito cansada e não posso ou não consiguo descansar.
Quando sair do «slow motion» aviso.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Será da erva?

Hoje só me sinto cansada.
Não, também me sinto farta.
E também estou sem grande vontade de coisa alguma.
Nem sentires, nem cheiros, me mobilizam hoje.